quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Eu, músico!

Você fica a vida toda procurando arte. Um dia ela te encontra. Você um dia atravessa o ritmo, noutro ritma sua própria canção. Canaliza para as mãos toda emoção que vem, se valendo da técnica que desenvolve. Respira diafragmaticamente e toca feito músico de verdade. Toca pandeiro e canta e não atravessa o samba. Instala um metrônomo no coração. De médios, graves e agudos simultaneados constrói melodia com som de percussão. Um dia, enfim, você consegue sair de ridículo a criativo com direito a elogio. É o seu novo parto!

Creio que não devemos aceitar os limites criativos que a sociedade tenta nos colocar. Se você é uma moça capaz de perceber que o céu não oscila apenas entre o azul e preto e o cinza, mas que pode ser vermelho. Então cante, atue, dance, mas, principalmente, ame o que quererá fazer. Não se furte de viver e seguir sua intuição.

domingo, 25 de julho de 2010

Um rio de cobras

Em um sábado à noite incomum, chato e chuvoso, precisei ir presenciar a mais um amigo realizar o juramento, em frente a um sacerdote católico e meio a uma capela lotada, de amor e respeito a sua amada. Juntos até que a morte os separe. Mais uma vez, chegava atrasado em uma cerimônia de casamento. Na verdade, a parte mais significativa é a do juramento e essa nunca perco. Como um dos ritos de passagem herdados dos costumes ancestrais, o casamento ainda permanece como um dos que ainda são “cobrados” pela sociedade como uma espécie de atestado de indivíduo socialmente bem sucedido. Depois da primeira menstruação ou da caça do primeiro animal para alimentar a tribo, entendo que atualmente isso seria como o primeiro salário ganho, o casamento seja talvez a grande transição. Como um curioso que também aprende através das experiências dos outros, sempre que sondo junto à colegas casados sinto que poucos, pouquíssimos, se empolgam com a vida de casado. Um amigo certa vez falou que seria normal as pessoas casarem-se e depois se arrependerem. Estranho,não?! Mas vou parar por aqui com essa assunto sobre o qual não entendo nada.

O real motivo dessa nova publicação foi um sonho bem louco que tive nessa mesma noite na qual assisti ao rito de meu amigo. Talvez por causa do novo momento, onde estou diante dos novos horizontes e desse momento de retomada pessoal, no qual estou evoluindo na relação com a música e nas práticas esportivas. Eu sei que, de repente, estava em um lugar, talvez um imenso zoológico ou reserva ambiental, que tinha um lago ou rio, com dezenas de serpentes, cobras, de todos os tipos. Havia alguém comigo e eu lhe disse: vou atravessar. Não sei se me confiando na certa intimidade que adquiri com a piscina, através do nado. O fato é que decidi atravessar o rio, ou lago, como quem desafiava, num tiro de 50 metros, não o tempo, mas sim as serpentes. O mais pitoresco dessa história foi uma gata negra de meu convívio, cuja a beleza me alegra, que aparecia na minha chegada, vitoriosa, à outra margem me oferendo chocolate, enquanto eu lhe mostrava que apenas duas serpentes haviam me atingido. Lembro de ter ficado preocupado em verificar se teriam sido serpentes peçonhentas. Mas o fato de eu ter conseguido atravessar me chamava muito mais atenção.

Realmente vou precisar de um interpretador de sonho maluco pra me dizer o que isso quer dizer. Em uma consulta prévia a um analista junguiano, parece que o sonho talvez simbolizasse uma certa fase de transição. Mas é isso, se alguém ai tiver ideia por favor me fale.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Burguesinho apaixonado: uma homenagem à uma florzinha apaixonada!

Ele achou incrível que aquela criatura parecesse-lhe tão familiar e iluminada. A conheceu em um lugar onde não deveria estar naquele dia. Assistindo a uma chata partida do Brasil pela Copa da África do Sul, completamente desinteressado em estar lá ele foi apenas por motivo de amizade. Percebeu uma mulher com brilho diferente no olhar e então, depois de vários minutos e chops, tomou iniciativa e foi pedir-lhe o número do seu telefone. O primeiro encontro foi adiado, por uma, talvez duas vezes. Mas, finalmente, aconteceu. Ele sem saber o que aconteceria foi ao encontro. Depois de horas de conversa, pareciam que se conheciam há muito tempo. Uma conexão massa, bacana, e muito surpreendente.

"O amor me pegou. E eu não descanso enquanto não pegar. Aquela criatura." (Caetano)

Desculpem se fica chato, mas nas histórias que capturo e conto sempre faço um link imediato com alguma canção. Como sou pobre em diversidade de referências, acaba vindo sempre algum tropicalista...rs. Mas não se irritem comigo.

Voltando a novela (rsrs), parece que as coisas se tornam mais legais quando não são tão fáceis. Hà quem desgoste da dificuldade, mas ela serve as vezes para testar o grau de interesse ou vontade em relação a algum objetivo. No caso do nosso pequeno burguês, o que está em questão é uma paixão arrebatadora, ou o achado sentimental da década. Mas o nosso jovem pecou, segundo a cartilha masculina, ao escancarar as portas do seu, até então, desocupado coração.

Teve que ouvir coisas como: "Você está mais acelerado!" ou "Acho que você é a pessoa certa na hora errada"(kkk). Clichês à parte, as frases teriam sido adequadamente utilizadas. Mas nosso pequeno burguês, quem diria, resolveu ignorar "o fora" e curtir a paixão. Resolveu continuar dando atenção a sua amada, independentemente de tê-la de fato ou não, com contatos remotos através de telefonemas e mensagens instantâneas. Seria esse sentimento uma espécie de paixão altruista ou um amor platônico? Bom, eu não sei! Mas ele resolveu curtir a emoção sem se preocupar com uma retribuição. Afinal, "Cesteiro que faz um cesto, faz um cento." Sendo assim nada impede que ele possa se apaioxonar mais um zilhão de vezes e que um dia seja retribuido pelo universo, caso sua nova paixão não seja retribuida.

Como eu sou um observador que observa bastante, percebi que nessa coisa de gostar, ou sei lá o que, as pessoas buscam sempre a posse do outro. Mas, talvez o equívoco seja justamente esse. Não podemos deter ninguém para uso exclusivo. Não estou com isso querendo me remeter algo como a poligamia, por exemplo. Digo, apenas, que a exclusividade deve ser natural. Não deveríamos nos relacionar exclusivamente com alguém por achar que temos obrigação, mas, primeiramente, por respeitar a pessoa e se sentir bem ao lado dela. Essa reflexão deixa um gancho sobre o assunto casamento, que tratarei quando for oportuno, pois é bem polêmico.

Então é isso, esse foi o meu blablablá de hoje!!

segunda-feira, 17 de maio de 2010

O analista de pessoas e o seu café filosófico

O primeiro dia da semana(não o primeiro dia comercial) tinha tudo para terminar como mais um, a base de filosofia e quitutes, no Rio Vermelho. Mas, depois de duas ou três horas de analises existenciais e conjecturas sentimentais, surgiu ou ressurgiu a ideia de realizar uma espécie de café filosófico, onde haveria de haver tudo, menos o próprio café. O interessante é que antes do ressurgimento da ideia o meu amigo analista de pessoas, já um tanto cansado, quase conseguindo falar outra “língua”, discorreu um pouco sobre literatura, pois eu havia lhe comentado sobre o livro que estou a ler, sempre após deitar, para convidar o sono que sempre me cansa de tanto esperar. O Verdade Tropical se mostra familiar para mim, pois acompanho o seu autor de longas datas, desde que descobri ser dele uma música que repetia várias vezes, na abertura de um seriado da televisão Globo, a pergunta “por que não?” percebi que não se tratava apenas de uma personalidade, a qual ouvia falar desde que “me entendia por gente”. Eu era criança mas a frase me parecia ter um cunho de rebeldia e eu gostei. Aproveitando minha retomada a esta mídia, com esta nova publicação, quero registrar que minha relação com a literatura “transversal” tem se estreitado. O último livro que li falava sobre cultura (Cultura – um conceito antropológico, Roque Laraia), o qual cita várias vezes, evidentemente não por acaso, o antropólogo Claude Lévi-Strauss. Ao ler o nome dele, sempre era remetido a canção “Estrangeiro” (porque esta o cita) que me remetia a Caetano, naturalmente. Aos mais desatentos devo parecer ter perdido a motivação que me levou a criar este blog, se observado o primeiro “post”, ou a primeira publicação. Mas se observarem continuo a buscar o assunto cultura(sendo cyber ou não). E não à toa me interessei em colocar na minha lista dois livros(Morte e vida Severina / Grande Sertão:Veredas) que retratam nossa cultura e que foram citados no Verdade, nas primeiras páginas.

“O amor é cego/ Ray Charles é cego / Stevie Wonder é cego/ E o albino Hermeto não enxerga mesmo muito bem”.

Sempre achei esses versos engraçados, mas, como o escritor se trata de quem se trata, os rapazes, artistas e realmente cegos, não foram citados despretensiosamente. O nosso analista, não o Mahatma, mas o autonomeado Gandhi, após eu citar as citações do Verdade sobre Ray Charles, me explicou sobre a estética musical desses dois músicos e o marco que foram na música estadunidense. Confesso que ignoro muita coisa, isso mundialmente falando, talvez por confiar nas minha lentes pelas quais enxergo a conjuntura musical do planeta. Mais cedo ou mais tarde essas lentes me trazem as coisas que são boas e acho que essa é a grande "coisa" do Tropicalismo. Algo que parte do samba caymmiano e é capaz de absorver, digerir e devolver coisas como Billie Jean, bossanovizada por Caetano. Achei interessante quando cantarolei a canção incidental dessa versão de Billie Jean: “Tava jogando sinuca / Uma nega maluca me apareceu / Vinha com um filho no colo / E dizia pro povo / Que o filho era meu”, e meu pai comentou que se tratava de uma canção antiquíssima, de sua época de criança.

Mas, após esse rodeio em Itapoan, via Ribeira, volto ao café filosófico, regado à Malbec Seco (2 vezes mais encorpado..rs). Começamos com recitais de poesias de Manoel Bandeira, intercalados por comentários sobre sua obra e tendo como música de fundo, não por culpa minha, o disco “Uns”. Estávamos em três, quando chegou o quarto elemento acompanhado, muitíssimo bem, pela primeira e então única flor do café. Trouxeram-nos ninguém menos que Pablo Neruda, num book de bolso certamente comprado em alguma loja de conveniência bem conveniente. Alguém teve também a ideia de convidar um rapaz cuja incultura literária não permitira-me conhecer até então: Thiago de Mello. Parece com nome de jogado de futebol, mas trata-se de mais um bom poeta. Nos divertimos lendo as poesias que são intituladas pelos signos do zodíaco. A brincadeira era um recitar a poesia condizente ao signo do outro. A sobre escorpião teve tudo a ver, embora eu tenha desenvolvido certo ceticismo sobre essas coisas. Foi rico o exercício coletivo da expressão sentimental. O pai da turma ao usar sua emoção poética. O quarto elemento ao se desinibir com o violão. O anfitrião, feliz, demonstrando sua satisfação em realizar o encontro e forjando choros engraçados. Também eu, atento para não concorrermos com Maria Bethânia, a quem havia acabado de resgatar na estante de discos. Por fim, a flor que, gentilmente, participou daqueles momentos de amizade e contemplação à arte brasileira. Como consolo, ficou a promessa do café filosófico número dois.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Repare bem - parte II

Resolvi postar este comentário que fiz no blog Sbronka sobre o assunto das cotas....

Amigo Slomka,
Gostei muito do texto, concordo com quase tudo. Entretanto, quero contrapor alguns argumentos.
Você falou sobre a imigração polonesa, italiana, etc. Mas quero ressaltar que embora estes pudessem ter sido escravizados e discriminados por serem de suposta raça inferior em seus países de origem, eles chegaram numa situação diferente ao Brasil, onde, pelo que já li e ouvi em documentários de TV, muitos deles receberam terras e recursos para poderem trabalhar. De outro lado, os negros que outrora foram escravizados e vendidos por tribos africanas rivais aos colonizadores brasileiros chegaram e continuaram escravos até pouco mais de um século atrás(120 anos).

Concordo que se a educação pública, da pré-escola ao ensino médio, fosse de qualidade no mínimo boa não precisaríamos de cotas para “negros” nas Universidades. Mas também não há como negar que as pessoas que detiveram o poder nunca se importaram em garantir uma educação de qualidade para todos indiscriminadamente, pois estes eram quase sempre de classe média e alta e sempre tiveram dinheiro para colocar seus filhos em boas escolas. Acho muito engraçado quando escuto um amigo falar da injustiça que é ter sua chance de entrar na Universidade diminuída pelo sistema de cotas. Como se não fosse injusto dificultar o acesso de quem não tem grana à educação básica de qualidade. Cristovam Buarque está com projeto de lei(http://www.senado.gov.br/sf/atividade/Materia/detalhes.asp?p_cod_mate=82166) que obriga aos agentes públicos eleitos matricularem seus filhos e demais dependentes em escolas públicas até 2014. Eu iria além, todo funcionário público deveria ter seus filhos matriculados em escolas públicas. Por quê será que ninguém compra essa briga? Seria uma boa bandeira para os anti-cotas. Outras reflexões sobre o pós-abolição: Foram dadas terras aos escravos abolidos ou salários dignos pelo seu trabalho? Estes foram recebidos pela sociedade sem nenhum tipo de diferenciação? Tiveram acesso à educação formal ou tinham que trabalhar 14 ou 16 horas por dia?

Por fim, sofremos uma epidemia de analfabetismo funcional a qual as cotas para acesso as faculdades não remediarão. E este é um problema sobre o qual não vejo a classe média injustiçada pelas cotas reclamar com o mesmo vigor. Isto, talvez, por não afetá-la!

O que mais gosto na lei de cotas não é a própria lei, mas sim o fato de fazer levantarmos e pensarmos no assunto EDUCAÇÃO, até então pouco debatido. Só espero que saíamos deste debate racial e simplista e entremos num debate de projeto para o país, com cerne no direito universal a instrução(DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS, Artigo XXVI )
Então, educação de qualidade à todos, brancos ou negros, pobres ou ricos!

Um abraço..

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Capital Narcisista e o Conhecimento Livre

O projeto Música Falada com Gilberto Gil, ontem dia 01/09/2009 no Teatro Castro Alves, foi praticamente uma aula! Para muitos que o conheciam apenas como o esteriotipado Gilberto Gil, foi uma surpresa sua abordagem sobre diversos problemas contemporâneos de forma tão poética e direta.

Depois de contar o ínicio de sua relação com a música sob o incentivo de sua mãe, de falar sobre seus anos de exílio, da sua trilogia(Refazenda, Refavela e Realce) inspirada na sétima arte, Gil foi perguntado sobre o que achava da pirataria. Gil disse achar natural esse movimento de democratização de conteúdos. Começou dizendo que hoje o Capital volta seus olhos para si mesmo, esquecendo que originalmente o seu foco deveria ser o setor produtivo e passando a ter como foco principal o setor financeiro. O Capital ficou vaidoso, um verdadeiro narcisista, segundo o cantor. Gil comentou sobre o fato das empresas quererem sempre cada vez mais, apenas para si. Diante de um novo mundo, as empresas teriam que se adequar, pois o compartilhamento e o acesso à informação nos seus mais diversos formatos é imenso e quase impossível de controlar. Houve um momento em que o discurso de Gilberto Gil me remeteu a questão do software livre, foi quando ele citou a possibilidade de cada pessoa criar seu próprio conteúdo com toda liberdade na blogsfera. Isso tem um link direto com o conceito do software livre, onde através de um conhecimento compartilhado eu posso gerar meu próprio conteúdo, ou meu próprio software, e compartilhá-lo para que outras pessoas o utilizem e colaborem para melhorá-lo.

Ele foi perguntado ainda sobre a sondagem de seu nome para uma possível chapa de candidatura a presidência da república, mas disse que não aceitaria. Enfim, foi uma noite regada a muita música, filosofia e política.

sábado, 13 de junho de 2009

Uma mesa Joãogilbertiana!

Era sábado e sabido que neste dia eu não ficaria a noite em casa, daria pausa na saga dos Buendía. A propósito, Gabriel realmente é um rapaz que merece ser lido.

Arrumei-me para sair de casa e depois resolver o que iria fazer. Liguei para o cara da logística. Enquanto aguardava ele sair de um evento para seguirmos para o destino combinado, resolvi dar aquela velha volta pelo Rio Vermelho. O Twist tava lotado, pois já havia umas quarenta do lado de fora e devia conter umas vinte pessoas lá dentro. Os bares estavam razoavelmente cheios. Segui, passei pelo Cristo e avistei o farol. "Quando o sol se põe vem o farol, iluminar as águas da Bahia"(Galvão e Caetano). Não sei porque, mas toda vez que vejo o Farol da Barra cantarolo esse verso. Mas, enfim, deu a hora de seguir ao encontro do cicerone da noite.

Fomos a um bar na Pituba, fui apresentado como pandeirista para os amigos da mesa e logo me solicitaram para entrar em ação. Incrivelmente sentamos em uma mesa de novos amigos, onde praticamente fui cercado de artistas. Esse pessoal me lançou um repertório extremamente bossa-novista. De repente um rapaz ensaia do meu lado o fantástico arranjo que Gilberto Gil apresentará no seu disco Unppluged para a música Expresso 2222. Não resisti e tive que pedir para ele tocá-la e obviamente o acompanhei na cara de pau, mas como havia ensaiado algumas vezes com a banda de Gil, através do DVD é claro tentado copiar Marcos Suzano, me senti seguro para o ato. Foi show!
Fruta que caiu! Essa noite acabou ficando marcada. Valeu, Cabeça!