segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Gabriela, um café com cachaça, cravo e canela



Cuidado pra você não ficar a vida toda esperando. Esperando o sol, esperando o mar, esperando, esperando. Saia da rotina cama-trabalho-cansaço-cama. O cotidiano diário do dia-a-dia nos impõe uma monotonia incrível. Crie intervalos para abrigar momentos bons. Tire uma folga, usando aquelas horas-extras, ou aquele banco de horas, e vá ver o mar. Se for num dia ensolarado, bom. Se for no Porto da Barra, melhor ainda. Peça uma água de côco, assente-se na areia e aprecie a paisagem com belas curvas femininas, mar e pôr-do-sol. Se receber um convite pra ir a um novo lugar, não hesite, vá!

Poderá ser levado a um Cafélier, conhecer um Zeus, feito de café e cachaça, e se permitir pensar em coisas boas e até sonhar. Se entre amigos estiver, exercite o filosofar romântico que só os sentimentais são capazes. Se estiver com alguém que ama, beije. Se não puder beijar, apenas fique a olhar. Olhar o porto, a baía, o mar. Continue a pensar em coisas boas, enquanto tenta descoisificar outras. Chame de novo Jô e peça a ela que lhe traga Gabriela, beije a xícara e sinta o gosto do café com cachaça, cravo e canela. Tente sempre adoçar a vida, pois esta pode não lhe dar o tempo que julga necessário para aprender a amar e ser feliz.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

O vagabundo feliz



É interessante perceber no gargalhar de uma gente modesta a busca constante pelo estado de felicidade. Numa curta viagem percebe-se a vastidão de objetivos de vida que existem. A cidade do recôncavo, que outrora abrigara índios da tribo marag-gyp, abriga hoje, especialmente, duas figuras notáveis na paisagem. Uma se trata de uma mulher, casada com um capitão, mãe de um filho e, de certo, devota de Santa Bárbara ou filha de Iansã, como queiram. Outra é um psicodélico hippie que se apresentou, com olhos abrasados, como maluco beleza. A mulher dizia ter terrenos que, de tão extensos iam até “os inferno”. Dona de uma pousada há mais de trinta anos, repetia que não se esquentava com muita coisa, pois “se eu morrer tudo fica aí”, dizia ela. Já o maluco dizia ter largado tudo pela liberdade. Está de férias há quinze anos. Como isso é possível?! Esse rapaz, aparentando não mais que quarenta anos, uma hora disse morar em Paris, noutra em Machu Pichu. Mas o certo mesmo é que, com aquele olhar entorpecido, ele parecia poder viajar à qualquer lugar que quisesse, quando quisesse.

Dessas duas pessoas antagônicas, consegui ver a representação real de que todos têm o poder de mudar suas vidas, ou de continuar vivendo a vida a eles imposta pelas circustâncias. Desde a poderosa, work-a-holic do recôncavo, que não parece ter o poder de mudar a própria vida, ao maluco beleza, que representa exatamente o oposto, estando totalmente desapegado das coisas do mundo. Me parece que devemos estar atentos as nossas emoções positivas, identificar as coisas que as provocam e tentar repeti-las o máximo de vezes possíveis em sua vida.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Panis et circences ou pânico no circo!



Sempre acho que uma coisa quer se traduzir outra, o que não ocorre. Melhor seria se o fosse. Assim, um circo ameaçado pelo poder de mudança. Ou de ter que se destruir para se refazer. Bom seria se todos pudessem ser o palhaço que sonham, não o que é empurrado a ser. "Mas as pessoas na sala de jantar/São ocupadas em nascer e morrer". Gosto dos mitos como Shiva. Tão significante como uma fênix que inusitadamente surge em uma manhã acinzentada e poética numa fabulosa visão. Seria bom se fôssemos deuses capazes de fazer florescer o jardim que projetamos em nossas mentes-arquitetas do amor.

Todos deveriam aprender a nascer e morrer, quando necessário fosse. Fazendo-o primeiro pelas mãos da lindíssima nossa senhora da boa morte e em segundo pelos braços da irmandade da boa vida, onde a amizade é a pedra fundamental.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Passou, sorriu e partiu para sempre

A certeza de ter amado com consciência, de não guardar mágoas foi o que garantiu que a perda não fosse maior do que todo o amor dos anos de convivência. Anos que trouxeram descobertas compartilhadas, ensinamentos pelos exemplos de inteligência demonstrada continuamente. O perdão é algo necessário no dia-a-dia. Precisamos trazer nossos corações vazios de ressentimentos e ódios. Pois, por mais que pareçam se justificar, tais emoções devem ser realmente destruídas.

A próxima hora ou o próximo dia poderá não chegar para que você ou para o outro, tirando a oportunidade de zerar a reza e deixar um pedido de desculpa não pedido guardado em seu peito. Você poderá gritar ao céu, mas a leveza que traz o desculpar ou o ser desculpado não poderá ser mais sentida.

A felicidade de ter transmitido todo o amor nos anos que se passaram superou a gigantesca dor da ausência que ficou para sempre. É fundamental a construção de momentos felizes. Ainda que efemeramente, a felicidade trazida pelo amor compensa.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Eu, músico!

Você fica a vida toda procurando arte. Um dia ela te encontra. Você um dia atravessa o ritmo, noutro ritma sua própria canção. Canaliza para as mãos toda emoção que vem, se valendo da técnica que desenvolve. Respira diafragmaticamente e toca feito músico de verdade. Toca pandeiro e canta e não atravessa o samba. Instala um metrônomo no coração. De médios, graves e agudos simultaneados constrói melodia com som de percussão. Um dia, enfim, você consegue sair de ridículo a criativo com direito a elogio. É o seu novo parto!

Creio que não devemos aceitar os limites criativos que a sociedade tenta nos colocar. Se você é uma moça capaz de perceber que o céu não oscila apenas entre o azul e preto e o cinza, mas que pode ser vermelho. Então cante, atue, dance, mas, principalmente, ame o que quererá fazer. Não se furte de viver e seguir sua intuição.